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O meu erro

A currutela ficava num lugar alto, rodeado de morros. Fui-me apropinquando com o cavalo suado, e na casa que me antojou melhorzinha. apeei e bati na porta.
A mulher abriu a jinela, e me olhou. Eu lhe perguntei:
- A madama tem aí um lugarzinho onde eu possa desarrear o meu cavalo, escová-lo e lhe dar milho e água?
Acho que ela gostou que eu a chamasse de madama, porque sorriu
- De que lugar o sior vem vindo?
- De todos os lugares, madama, porque ainda não achei um que me servisse – respondi.
- Quer dizer que o sior é um andejo? Os andejos não prestam.
- A senhora tem razão, madama, eu não presto. Mas estou vendo ali um telhado. O telhado me basta, nele mesmo eu me arranjo, com o meu cavalo.
- E dispois? – ela quis saber.
- Dispois, eu vou embora.
Ela não consentiu nem negou, pelo que fui para o telhado atrás da casa, puxando o cavalo. Desarreei ele, escovei, e lhe dei milho e água. Depois me deitei sobre os arreios.
Já anoitecia e, mais tarde, ela me disse, da porta da cozinha:
- Já que o sior está aqui, venha comer um guisado. Não gosto de comer sozinha.
Entrei, dizendo:
- Com licença, madama.
Comemos o guisado, e aquele foi o meu erro.
Ela não me deixou mais ir embora, e me botou no cabo do guatambu.

Anníbal Augusto Gama

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