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Os nomes

Viajando de carro para Paulo de Farias, vi em vários lugares placas à margem da estrada indicando o nome dela: “Rodovia Armando de Sales Oliveira”. Mas o verdadeiro nome daquele que foi governador do Estado de São Paulo, e depois exilado para Portugal, é Armando Salles de Oliveira. Temos o hábito de dar a edifícios, a ruas, a instituições, o nome de pessoas ilustres, ou até obscuras. Seria um modo de as homenagear e lembrá-las. Isto, é claro, não justifica que se estropiem os seus nomes. O nome é um patrimônio moral, e até histórico. Ruy Barbosa é Ruy Barbosa, com “ípsolon”, e não com “i”. O Brasil, que para nós se escreve com “s”, é escrito teimosamente pelos norte-americanos e ingleses com “z”.
Deste modo deturpados os próprios nomes de quem figura ou figurou em nossa história, por seus feitos ou mal feitos, fico imaginando como é que nas escolas se ensinam a mesma história ou geografia. Já não chega a interpretação muitas vezes ideológica, ou perversa, que se faz dos acontecimentos sociais ou políticos, enchendo a cabeça dos estudantes de tolices. Não chegam também o esquecimento a que são condenados outros, e a alteração de dados e fatos.
Os nomes às vezes são transformados na própria coisa que alguém inventou ou fabricou, como é o caso de “Gillette”, que se tornou o nome de uma lâmina de barbear, e não é mais o nome do homem que a produzia e divulgou. Também se costuma nacionalizar os nomes, ou adaptá-los à língua falada ou escrita no país, o que pode ser uma conveniência, mas não raro os tornam rebarbativos. Não é, porém, o que ocorre com os nomes, em geral ingleses, com que se designam o que se refere à informática, às suas operações e tecnologia. Tudo podia ser traduzido para o nosso idioma, o que comumente se faz em Portugal. Aqui não. Aqui, insistimos em ser obscurantistas, dificultando a aprendizagem daqueles que pretendem utilizar-se dessas máquinas modernas.
Não há regras. Não sou partidário de imposições legais que, não raro, são ainda mais estúpidas. Mas acho que é necessário o bom senso para dar o nome certo aos bois. E vejo que é o contrário que se segue, até no linguajar econômico, ou no “economês” dos pedantes que tanto mal nos têm feito, talvez mesmo para continuar a nos enganar.

Anníbal Augusto Gama

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Um comentário:

  1. Oi Annibal, comprei seu livro CINQUENTA ANOS FALANDO SOZINHO, chegou ontem pelo correio e já comecei a curtir seus versos. Curiosidade, em que cidade vc. reside?

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