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A marca do Zorro

Ele passou por aqui... Sinais, signos, insígnias, marcas, assinaturas... A marca do Zorro. Até os animais antediluvianos deixaram a sua marca nas rochas. As mãos imprimem o seu molde no cimento fresco, em Hollywood. Os pedreiros mais anônimos, ao cimentarem uma calçada, não raro deixam ali duas letras do seu nome. E ainda fresco o cimento, os cachorros que passam deixam o rastro das suas patas. Marcam-se, com ferro em brasa, os bois e os cavalos. Não se trata sempre de fazer-se conhecer quem é o proprietário. Todos querem deixar o sinal da sua passagem, o seu testemunho de que aqui ou ali estiveram. O planeta Terra está cheio de cicatrizes e o homem também quis levar o sinal de que ali esteve, na Lua. Até nos túmulos, os epitáfios dizem que ali jaz... No mármore branco das mesas dos cafés e bares, há quem rabisque com um lápis, marcando a sua passagem. Só o vento, a chuva, removem, das dunas de areia do deserto, as pegadas daqueles que por ali andaram, ou morreram, Quando o homem não se marca a si mesmo com tatuagens, ou, nos muros brancos, recém pintados, não vai borrá-los com as suas grafites, que agora já estão sendo tidos como arte. Há também o desenho dos lábios, de batom, na superfície do espelho, da amante que foi embora, e deixou o seu parceiro adormecido no leito. E os cientistas também circundam de anéis as pernas das aves, ou de outros bichos, para saber para onde vão, para onde emigram.
Tudo em vão. Os homens passam irremissivelmete. Até os arquivos zelosamente guardados, acabam desaparecendo, com o fogo que os destrói, ou com as traças que os roem. Os edifícios desmoronam. A impressão digital é removível, através de cirurgias plásticas.
Que marca ficará de nossa triste ou infame civilização?
Debaixo de que ruínas irão encontrar os sinais de que aqui estivemos, como nos lugares calcinados de Pompéia?
Queremos permanecer, quando tudo é perecer.
A humanidade é uma vã palavra.

Anníbal Augusto Gama

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