English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Os macacos nos galhos

A Folha de S. Paulo, em fins de janeiro passado (2010), noticiou que “oitocentos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo estão sendo investigados”,
É um número espantoso de policiais que, em vez de investigarem, são investigados. Pode ser que alguns deles estejam sendo injustamente suspeitos da prática de crimes tais como corrupção extorsão, violência, tortura, suborno, apropriação indébita, e outros. Pode ser também que as investigações cheguem a bom termo, e sejam eles exonerados e punidos. Duvido. Boa parte deles foi posta em quarentena, isto é, em serviços meramente burocráticos.
Qual a instituição que, entre nós, se salva desta situação? Nenhuma. O Estado tornou-se uma organização de delinqüentes.
A Polícia, por estar mais próxima da marginalidade, quero dizer, mais perto do crime e dos criminosos, é mais facilmente contaminada pelos delinqüentes. A doença pega. E quando o exemplo vem de todas as outras instituições, que se pode esperar?
Neste contexto, nossa sociedade virou um tecido podre. Que veste a todos de falta de vergonha na cara. Quando se vê então que raramente alguns dos corruptos são processados, julgados e condenados, instaura-se a desesperança. O número de escândalos de um quinze anos, ou mais, para cá, é surpreendente. E que aconteceu? Quase nada. Foram esquecidos. A grande maioria desses bandidos está aí, bela e formosa. Atuantes, ocupando os mesmos cargos, promovidos e festejados. O dinheiro na cueca virou símbolo nacional.
Convivi com muitos Delegados de Polícia honestos. Quando muito, eram apenas relapsos e não faziam nada. Ociosos, deixavam o marfim correr. Mas antes os ociosos do que os desonestos.
Quando as mais altas autoridades da república dizem que “não sabiam” que “não é com elas”, ou que “todo mundo faz”, não há remédio. O Estado dissolveu-se. É cada um para si. A mentira e a fraude dominaram. Como o corporativismo, o coleguismo, o compadrismo.
Não esperem pelas próximas eleições. Os macacos estarão afinal nos mesmos galhos dando-nos banana.

Anníbal Augusto Gama

próximo texto

HOME

Nenhum comentário:

Postar um comentário