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O rol dos culpados

Todos nós estamos no rol dos culpados; e se todos estamos, por que fazer o rol dos culpados?
Suponho que o rol dos culpados é laboriosamente feito e acrescentado, a cada dia, para fixar a espécie de culpa e o seu grau, e descrever os atos que praticamos, contrários à lei, com as agravantes e as qualificadoras. E até aqueles que não chegamos a praticar, mas deleitosamente pensamos ou imaginamos. Ninguém, e nada escapa.
Também se costumavam marcar, com letras ou símbolos, aqueles que haviam violado a lei ou os bons costumes. Lembrem-se da “letra escarlate”. Ou raspar a cabeça das mulheres que haviam prevaricado. Ainda depois de vencida a Alemanha nazista e desocupada a França, muitas mulheres foram sujeitas a tal ignomínia, por terem convivido complacentemente com os soldados inimigos.
Os pecados nunca são perdoados, nem mesmo para aqueles que saem do confessionário, contritos, arrependidos e absolvidos?
É o exercício da vingança, pelos algozes. que se revestem de justiceiros implacáveis.
Cumprida a pena e liberto da prisão, aquele que foi sentenciado vai arrastar, pelo resto da vida que terá, a desconfiança, a repulsa. Não lhe dão emprego. Não admitem a convivência com ele. E prolonga-se outra espécie de castigo.
Caim foi marcado, para que não o matassem. Mas a marca o denunciava a todos.
Admite-se a extinção da ação penal, depois de certo tempo, ou a prescrição da pena. Há o indulto, o perdão, a anistia. E a pena de morte, em certos casos, é mudada para prisão perpétua.
É relevante que todos sejam, pelos atos criminosos que praticaram, devidamente processados e julgados. Mas, como conciliar a extinção da ação penal e as prescrição da pena com a perpétua perseguição daqueles que teriam cometido delitos, sejam eles quais forem?
O ódio gera o ódio, e a vingança não é atributo de uma sociedade civilizada.

Anníbal Augusto Gama


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